Demasiado Criativo?
Cada vez mais a criatividade é uma das características mais apreciadas nas empresas. Estando nós numa época em que a informação, os conteúdos, e sobretudo o conhecimento são a mais valia, as empresas dependem quase exclusivamente das capacidades do seu capital humano.
Assim uma boa gestão do conhecimento é preponderante para a sobrevivência de qualquer empresa numa época de elevada competitividade. E esta gestão do conhecimento passa em primeiro lugar pela boa gestão das pessoas.
Muito se fala acerca das potencialidades da tecnologia, mas é preciso ter presente que a tecnologia que não é acompanhada pelas pessoas de nada serve. O Dr. Paulo Amaral diz-nos mesmo que «só vale a pena apostar em tecnologia, se eu a gerir bem e ao mesmo tempo gerir de forma adequada os recursos humanos».
No que se refere à gestão do conhecimento, propriamente dita, é preciso fazer referência ao facto do conhecimento tácito se encontrar exclusivamente nas pessoas, e daí a sua importância.
O conhecimento explícito é mais facilmente transmitido, porque toma uma forma física de manual, ou base de dados. Contudo este conhecimento nunca chega a ser tão rico, nem tão importante quanto o conhecimento tácito (mais conhecido por Know How).
Gerir o Know How das pessoas numa empresa, e conseguir que esse conhecimento não fique sedimentado e seja transmitido a outros colaboradores, para que assim permaneça na empresa, é um dos grandes desafios dos gestores do conhecimento.
O trabalho em equipa, a rotação de tarefas, uma aprendizagem permanente e o contacto directo como colaboradores de outras áreas, são apenas algumas da formas de conseguir que esse Know How seja partilhado e se torne útil para a empresa.
Mas já me afastei demasiado do propósito deste post. Como já referi a capacidade criativa é muito valorizada, exactamente porque a criatividade é uma das melhores formas de gerar novo conhecimento na organização.
Como é que se potencia a criatividade? A existência de uma cultura liberal na organização, a autonomia individual aliada ao trabalho em equipa e às reuniões brain-storming, sem esquecer um tempo de trabalho dedicado exclusivamente à criação de novas ideias, são apenas algumas formas de potenciar um ambiente propício à inspiração.
Na minha opinião tudo deve existir com conta, peso e medida. A minha resposta é sim, pode ser-se demasiado criativo. É, sem dúvida, bom que se seja criativo, mas que isso não impeça o desempenho do seu trabalho e do trabalho em equipe. Ao ser-se demasiado criativo pode-se comprometer a própria criatividade dos outros membros.
Saber trabalhar em equipa e ouvir a opinião dos outros antes de se chegar a uma conclusão definitiva são também requisitos necessários para os colaboradores destas organizações de informação, conteúdos e conhecimento.
Joana Poças