Growth and Jobs
Será que a Europa consegue conciliar o modelo social europeu com o avanço da tecnologia e com a competitividade exigida pelos mercados globais?Ainda não podemos responder a esta pergunta, mas temos que tentar ao máximo conseguir que esta parte mais humana da Europa não entre em confronto com as exigências desta Economia Global.
O Professor Roberto Carneiro define o modelo social europeu como um modelo que valoriza em primeiro lugar a comunidade em vez do indivíduo, que dá extrema importância à qualidade de vida e ao desenvolvimento sustentável, que percebe a necessidade de divertimento inerente ao ser humano, que valoriza os direitos humanos individuais e, sem dúvida, a cooperação global.
Se prestarmos atenção a todos estes valores acima citados é fácil entender como é que estes podem entrar em confronto com o Mercado global.
A abertura relativamente recente do mercado Chinês tem levantado imensa polémica. Na China as horas de trabalho muito superiores ás europeias, as condições paupérrimas de trabalho a que os cidadãos chineses estão dispostos a trabalhar são apenas alguns dos factores que fazem com que os seus produtos sejam muito mais baratos que os nossos. Mão-de-obra barata sempre conduziu a produtos mais baratos. Mão-de-obra barata sempre atraiu as grandes multinacionais, desejosas de verem aumentados os seus lucros.
Tudo isto faz sentido. O que não faz sentido é tentarmos competir com a China, ou outros mercados semelhantes, tentando passar por cima de direitos e valores que foram arduamente conquistados pelos cidadãos europeus.
É impensável querer aumentar as horas de trabalho na Europa, ou passar por cima do direito a um fim-de-semana completo. É indiscutível pensar competir com preços de mão-de-obra. Isso seria um atentado aos direitos humanos individuais e uma negação do direito à qualidade de vida.
De facto, o que a Europa deve fazer é competir apresentando uma mão-de-obra especializada e diversificada, competente e flexível, capaz de atrair qualquer empresa europeia e internacional. O que a Europa e Portugal devem fazer é apostar na Agenda de Lisboa.
Em Março de 2000 foram traçados, em Lisboa, vários objectivos a atingir até 2010.
- Tornar e Europa o Continente mais Competitivo do Mundo;
- Crescimento Económico Sustentável;
- Fomentar a Competitividade;
- Modernizar o Modelo Social Europeu, investindo mas pessoas e combatendo a exclusão social.
Infelizmente os grandes objectivos desta estratégia não foram atingidos e a Agenda sofreu uma revisão em 2002 e outra em 2005, ficando reduzida a apenas dois pontos:
- Crescimento
- Empregos
«Growth and Jobs» já é alguma coisa. Mas a Europa não poder parar. A Europa deve continuar a inovar e a crescer tentando seguir todos os pontos da primitiva Agenda de Lisboa.
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